Manhã de 04 de dezembro de 2011, Pacaembu. Na última rodada do Campeonato Brasileiro, na qual o Corinthians se consagraria pentacampeão nacional, a torcida alvinegra amanheceu mais triste. Sócrates havia falecido. Aquele dia, a princípio, marcado com homenagens, terminou em festa pelo título brasileiro.
Este que vos escreve nunca viu Sócrates chutar uma bola, conheceu-o perto da data de sua partida, sem saber quem era e porque tinha nome de filósofo. No entanto, conforme o tempo passou e o processo de autoconhecimento foi acontecendo, pude entrar em contato com a história e o tamanho do impacto do Magrão na história corinthiana.
Do mesmo modo que, estando a um tempo nesta área do jornalismo, me questionei como um clube tão histórico como o Corinthians nunca exaltou um jogador no patamar de “maior ídolo da história”, como alguns rivais têm. Hoje, portanto, quero fazer isso. E acredito que devemos exaltar Sócrates como o maior dos ídolos corinthianos.

O que é um ídolo?
Antes de mais nada, precisamos definir o que é um ídolo. No dicionário, é uma pessoa ou coisa intensamente admirada, que é objeto de veneração.
Nesse sentido, alguns clubes brasileiros possuem seus ídolos e muitos tem um amor incondicional por aquela figura. Zico e Flamengo, Roberto Dinamite e Vasco, Pelé e Santos e Rogério Ceni e São Paulo são alguns exemplos.
Conforme eu percebo pelas redes sociais ou mesmo discutindo com alguns corinthianos, nunca houve uma unanimidade sobre quem é esse cara. A opinião, frequentemente, varia de geração para geração. Os mais velhos vão lembrar de Rivelino, de Basílio ou do próprio Sócrates.
A geração dos nossos pais pode falar de Neto e Marcelinho Carioca. Como não, nomes fundamentais que trouxeram anos de conquistas na década de 1990. Os mais novos, assim como eu, vão falar de Ronaldo Fenômeno, mais constantemente de Cássio.
Em síntese, precisamos partir do ponto que um ídolo é uma figura de caráter importante a nível institucional, aquele na qual seu nome e sua importância são realmente significativas na história do clube, que são lembrados e exaltados pelo clube até a atualidade. Importante dizer que títulos não necessariamente é um fator determinante.
Paremos para pensar, ser campeão faz daquele jogador um ídolo? Nesse sentido, Zhizhao é ídolo corinthiano por ter ganhado a Libertadores de 2012. Nós sabemos que não assim que a banda toca, certo?
O Doutor
No quesito título, é verdade que Sócrates não chega perto de Marcelinho (10 títulos) e Cássio (9 títulos), tendo ganho três títulos estaduais – 1979, 1982 e 1983. Mas, lembremos da regra acima.
Durante sua passagem pelo Corinthians, Sócrates foi um dos líderes do time e deixou sua marca tanto dentro quanto fora de campo. Em campo, um meia de técnica refinada, visão de jogo excepcional e inteligência com a bola no pé. Um meio-campista completo cujo uniforme era terno e gravata.
Sócrates jogou seis anos no Corinthians, marcado tanto pelas suas atuações em campo como pelo seu ativismo fora dele. Não precisamos dizer do tamanho da Democracia Corinthiana na história do nosso esporte e de como nós temos orgulho em dizer que combatemos a ditadura militar. Sócrates estava lá.

Agora você, torcedor, responde aqui: quantas vezes nos momentos em que o clube mais teve dificuldade (o que também não faz muito tempo), a identidade ideológica era tudo o que nós tínhamos? Sei que a última gestão jogou isso fora, mas durante muito tempo, era isso o que a gente tinha nos tempos ruins.
Quantas vezes, aliás, já te mostraram o vídeo em que Sócrates define o Corinthians como “uma religião, uma voz, uma forma de expressão”? Não deve ser ignorado ou dado como algo “da boca pra fora”. Adaptando o que o próprio Magrão diz: no país onde os fracos não têm voz, o Corinthians é a voz do sem-vozes.
Depois que Sócrates se foi, não tivemos um jogador que carregasse tanto a essência do que é ser corinthiano quanto o Doutor. Eu mesmo já compartilhei a ideia, sobretudo boba, mas simbólica, que o estádio do Corinthians deveria carregar o nome de “Estádio Sócrates Brasileiro Sampaio”.
Portanto, por tudo dito aqui, pelos feitos dentro e principalmente fora de campo, pelo simbolismo que representa e pela figura marcante na história do clube, Sócrates deve ser exaltado como o maior dos corinthianos, o maior ídolo da nossa história. Sua habilidade excepcional, liderança inspiradora e compromisso com questões sociais e políticas o tornam uma figura única e inesquecível na história do clube.
VEJA TAMBÉM:
SEM YURI ALBERTO E PEDRO RAUL, QUEM SERÁ O CENTROAVANTE DO TIMÃO?
0 comentários