A maldição do Petróleo e as Bets, o Timão devia pular fora enquanto é tempo…

por | out 7, 2024 | Opinião | 3 Comentários

Com o começo das regulamentações das Bets no Brasil o mais provável é que as publicidades sejam muito limitadas num espaço de médio prazo…

Não, ao contrário do que fez parecer a janela do meio do ano, o Corinthians (ainda) não encontrou Petróleo nem terá a chegada da famigerada Emirates em seu quadro de parceiros/patrocinadores, mas o petróleo tem tudo a ver com a bolha das Bets e o colossal de itaquera deveria se preocupar.

Não é segredo para ninguém que o Corinthians deve e deve muito. A cada nova contratação a imprensa faz questão de lembrar isso, com um pouco mais de afinco do que costuma fazer com os demais clubes, mas enfim, a grandeza do clube tem seus prós e contras, gerar clique é um pouco dos dois. E num mercado que foi inundado por um dinheiro, digamos, cinza, do mercado de Bets, é natural que o clube tenha estampado em sua camisa, uma Bet qualquer. 19, de 20 clubes da série A possui algum tipo de patrocínio vindo deste mercado.

A maldição do Petróleo

Existe, no estudo sobre economia, um termo (ou temor?) conhecido como “A maldição do Petróleo” – calma, não se trata de espíritos dos dinossauros saindo dos campos petrolíferos para buscar as pessoas de noite na cama – que fala um pouco da dependência da grana vinda do Petróleo.

Um dos exemplos clássicos da maldição dos recursos naturais, lembrada por Postalis, ocorreu na Holanda na década de 1960. Na ocasião, a descoberta de jazidas de gás natural gerou resultados pífios no campo social e econômico. O boom exportador do produto levou à valorização da moeda local e consequentemente a um crescimento das importações. A busca por mercadorias importadas tirou a competitividade dos produtos holandeses e levou a indústria local à recessão. Esse fenômeno é conhecido como “doença holandesa”. 

IPEA – link original

No caso do Petróleo o problema é a falta de desenvolvimento do mercado local, frente ao aumento de importações de produtos industrializados, o que atrapalha o desenvolvimento do mercado local, o que leva a demissões, desemprego e problemas sociais vindos dessa correlação de forças.

A maldição das Bets

No caso específico das casas de apostas, o Brasil passa por um momento único e – Zeus nos ajude – curto. O desgoverno Michel Temer aurtorizou as casas de apostas e ficou de regulamentar, ainda em 2016. Estamos, como se sabe, em 2024 e a regulamentação começa a acontecer agora, em passos de formiga e sem vontade, já diria o filósofo Lulu Santos.

Problema é que as Bets, como se sabe, viciam. Mais do que viciar, elas causam na economia uma transferência brutal de renda sem a produção de qualquer ativo. Muita gente recebe seu salário, torra numa casa de aposta, o dono da casa fica rico, o apostador fica com dívidas e nenhum produto foi vendido, nenhum emprego foi gerado, nada foi exportado.

E como vicia, o governo acaba precisando gastar um dinheiro considerável com paliativos. E se o governo gasta uma grana com paliativos, precisa cobrar imposto. E se vai cobrar imposto precisa impor regras. E aí começam os problemas do Timão.

Como se sabe a Esportes do Azar, patrocinadora do coringasso atualmente está entre as Bets irregulares. O UOL afirmou que há uma multa de 100 milhões que ela precisaria pagar ao Corinthians em caso de não poder atuar regularmente – este autor duvida deveras que esse dinheiro chegará às contas do clube – e outras casas de aposta se colocam para cobrir o mesmo contrato, pagando os mesmos valores, apenas trocando a Bet 1 pela Bet 2 e vida que segue…

Mas supondo que o governo de fato seja civilizado e consiga regulamentar direito as casas de aposta, com regras semelhantes às de bebida e cigarro; o que acontecerá com as publicidades de 19 dos 20 clubes da série A do brasileiro? Nem a CBF ou a Globo estariam fora desse problema…

Oportunidade de perder menos…

Ao contrário da rede Globo, no entanto, o Corinthians precisa demais do patrocinador. Não só para pagar os salários de Memphis, mas, principalmente, para pagar as dívidas que se amontoam aos montes no clube.

É muito óbvio que num mercado inundado por empresas de Bet, abrir mão de uma patrocinadora do ramo implicaria, num curto prazo, em abrir mão também de dinheiro. Muito provavelmente o patrocinador-não-Bet pagaria muito menos que os 100 milhões* prometidos pelas Bets ao Corinthians.

Mas também significaria um planejamento muito mais correto a respeito do futuro financeiro do clube – além de um respiro ético que ninguém mais espera de Augusto Melo.

Trocar a atual Esportes do Azar por uma Bet outra pode apenas significar ampliar um buraco financeiro e adiar uma crise que parece cada dia mais próxima.

É óbvio que com o mercado inflado, salários ficam igualmente inflados e contratações mais caras. Seria bom, pra variar um pouco, que o clube se planejasse para um futuro que promete ser de uma bolha que vai estourar, embora não se saiba quando…

Sabemos, no entanto, que não é isso que acontecerá. O texto todo é apenas um exercício teórico, quase uma súplica por um bom senso que não virá, Dormiremos com mais este barulho…

*este autor é incapaz de falar de contratos assinados por Augusto Melo sem colocar um asterisco de dúvida no ar…

3 Comentários

  1. Victor

    Muito bom, parabéns pelo texto!!!

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  2. Steewel

    Muito bom o texto, excelente reflexão mano

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