Corinthians 114 Anos: Eu não consigo viver sem você

por | set 1, 2024 | Crônica, Home

O Corinthians é a voz dos sem vozes e mesmo nas fases ruins, ser Fiel a esse time não é pra qualquer um

Eu queria poder não me importar mais da sua existência. Eu queria excluir o Corinthians dos meus pensamentos pra sempre. Não querer saber quando tem jogo, quem contratou, quem assumiu o time. Não quero mais. Torcer pra você tá fazendo mal pra minha saúde. E eu mereço ser feliz.

Mas a grande questão é: você ainda sente orgulho de ser corinthiano? Um clube que, por todos os meios, parece afastar o torcedor, manchar a sua história, acabar com qualquer identificação ideológica, queimar ídolos, frustrar expectativas e acumular vexames em campo?

Involuntariamente você pode dizer que sim, que a fase ruim é só uma fase, tudo passa. Quem sabe, no próximo ano, poderemos comemorar como merecemos. Nós merecemos ser felizes. Talvez, a atual gestão aprenda com os erros de 2024 e adote uma nova abordagem, reorganizando o clube de dentro para fora. Você também pode acreditar em Papai Noel, Coelho da Páscoa, Mundial do Palmeiras, enfim.

Se você me criticar por isso, eu entendo. Esse é o reflexo de alguém que não consegue ver esperança, mas insiste em esperar por dias melhores, por entrega em campo, por resultados expressivos e títulos. Afinal, são sete anos sem levantar uma taça relevante (com todo respeito ao Paulistão de 2019). Lutas contra o rebaixamento têm sido uma constante no Parque São Jorge nos últimos dois anos.

Até São Jorge deve estar cansado. Lutar por esse Corinthians deve ser exaustivo. Mesmo com mais de 40 mil pessoas no estádio quase todas as noites, o time parece não sentir a energia da Fiel, que canta sem parar por 90 minutos, mesmo em noites frias ou chuvosas na capital paulista.

Nós merecemos ser felizes.

Eu queria poder não me importar mais da sua existência. Mas eu não consigo.

Ser Corinthians é amor. O mesmo amor que minha avó, dona Geralda, tem ao ligar o rádio e ouvir os jogos, mesmo que a fase seja péssima, passando a manhã do dia de jogo xingando, mas gritando gol antes mesmo de sair na TV. Amor que vem dela e de minha mãe, que, mesmo não sendo torcedora fervorosa, gosta de ver o Corinthians vencer um Majestoso para tirar onda com meu pai, são-paulino que só.

Ser Corinthians é encontrar forças nas boas memórias, nas grandes conquistas e nos momentos de pura felicidade. Lembrar com carinho de um passado vitorioso, sem se apegar demais a ele. Quem nunca reviu a mágica Libertadores de 2012? O Mundial épico contra o Chelsea, o gol inesquecível de Ronaldo Fenômeno na Vila Belmiro, ou as danças de Carlitos Tevez? E aquele meio-campo estrelado por Vampeta, Rincón, Ricardinho e Marcelinho? Como eu gostaria de ter visto!

Ser Corinthians é entender que a história do clube é feita por heróis improváveis. Desde o gol de Basílio em 1977 até os chutes certeiros de Neto em 1990 e o gol de Tupãzinho contra o São Paulo no Morumbi. A canhota do Imperador no Pacaembu contra o Galo me marcou. O Corinthians é sobre raça e vontade de lutar, mais do que qualquer habilidade técnica.

O Craque, inclusive, tem uma frase que me faz refletir e talvez seja a melhor definição que eu já ouvi sobre o Corinthians. É sobre amar o clube com uma paixão que sobrevive à raiva e à decepção.

“O meu amor pelo Corinthians é tão profundo, que todas as vezes que o Corinthians fica numa situação difícil, é quando eu mais amo o Corinthians.”

Ser Corinthians é identificar-se ideologicamente. Para mim, é claro. Um clube fundado por operários no Bom Retiro, onde “o povo que faz o time”, no ideal de Miguel Battaglia. O time que lutou contra a Ditadura Militar. O time da Democracia Corinthiana, de Wladimir, Zenon, Biro-Biro, Casagrande e Zé Maria. E claro, o camarada Doutor, que nos ensina que o Corinthians é muito mais um clube, é uma religião, uma forma de expressão. Lamento quem não pensa assim.

Em resumo, eu não consigo deixar de ser corinthiano porque não consigo viver sem o Corinthians. Este amor está tão enraizado em mim que deixá-lo ir seria perder uma parte de mim mesmo. Esta é a lição que tiro de tudo o que estamos vivendo: amar o Corinthians ainda mais nos momentos mais difíceis.

Porque como diz o canto: eu nunca vou te abandonar, porque eu te amo.

Eu, você, nós somos Corinthians.

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Autor

  • Lucas Silva

    Jornalista, comentarista e produtor de conteúdo, formado em jornalismo pela UNIP - Campinas. Passagens por Esportudo e Bolavip Brasil. Apaixonado pelo futebol americano desde 2008, criador do Zona Vermelha.

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