Desde que Mano Menezes retornou ao comando do Corinthians, sua equipe balançou as redes quase sempre com as mesmas peças. Ángel Romero ou algum jovem da base do alvinegra são os heróis do Timão nos últimos dez jogos.
O paraguaio é o responsável por cinco dos últimos 10 gols do Corinthians. Os tentos englobam a reta final do Campeonato Brasileiro 2023, quando Romero e meninos como Gabriel Moscardo e Giovane salvaram o clube de um rebaixamento.
Além disso, na derrota para o São Paulo em casa no Paulistão, o gol também veio do Terrão, com Arthur Sousa. É importante que os jovens tenham oportunidade na equipe principal, mas o time precisa de repertório, ainda mais quando se investe no setor.
Quem mais gera expectativa no ataque – e por consequência, quem mais tem decepcionado – é Yuri Alberto. O centroavante custou ao Corinthians cinco jogadores (Ivan, Robert Renan, Du Queiroz e Pedro) por 50% dos direitos econômicos do jogador, segundo o GE. Em campo, foi titular em 16 partidas com Mano de técnico, e balançou as redes apenas três vezes.
Além disso, na temporada anterior o time perdeu Roger Guedes para o mundo árabe. Com isso, o clube desembolsou US$ 1,8 milhões por Matías Rojas, de acordo com o GE. No entanto, o camisa 10 da equipe ainda não participou de nenhum gol pelo time de Mano Menezes.
2024 começou mal. O que fazer?
O ano virou, e Mano ficou. E nesse início de temporada, o Corinthians simplesmente vive seu pior inicio no Paulistão desde 1961, segundo levantamento do DataFut no Twitter. São quatro jogos, com uma vitória e três derrotas. Apenas dois gols marcados.
Um começo que contrasta com a campanha vitoriosa dos Filhos do Terrão na Copa São Paulo. Um título que o Corinthians não vencia desde 2017, e com destaques individuais que logo subiram para colaborar com o time principal, ainda defasado de peças na maioria dos setores do campo.
Solução 1: base como apoio
Isso nos leva a uma das duas possíveis soluções para a equipe em 2024. Uma solução mais modesta, porém mais barata; fechar o elenco em torno dos jogadores atuais, em conjunto com essas jovens promessas. Uma vez que o Terrão já mostrou potencial para ter seu papel no time de Mano Menezes, nada mais plausível que o profissional integre alguns dos jovens para utilização plena na equipe.
Nomes que já citamos nesse site logo após o título da Copinha. Nomes como: o goleiro Felipe Longo e o lateral-direito Léo Mana, para as reservas de Cássio e Fagner. Ou ainda Vitor Meer como terceira opção na lateral-esquerda, visto que claramente Mano não conta com Mateus Bidu. Também podemos citar o zagueiro João Pedro e o volante Ryan como peças de composição, e o meia Breno Bidon, junto com os atacantes Arthur Sousa e Kayke, como nomes para ganhar minutagem e oportunidades no Estadual.
Essa solução tem um grande ponto positivo, que é a economia. Ao tentar encontrar no próprio clube as respostas para os problemas dentro de campo, o Corinthians não aumentaria sua folha nem comprometeria seu orçamento com a compra de mais direitos federativos, comissões e luvas. Por outro lado, há o desafio de convencer a torcida a aceitar uma redução nas expectativas e metas mais modestas para a temporada, além de aceitar que jovens erram e poderão nos custar pontos. A torcida terá essa tolerância?
Solução 2: gastar o que não tem
A outra solução é um clássico no futebol brasileiro, mas nem por isso é a mais responsável ou correta. No entanto, muitas vezes é vista como necessária, e é dessa forma que muitos corinthianos enxergam a realidade do Timão hoje. Afinal, entre rescisões, vendas e aposentadoria, foram mais de 10 saídas de atletas no final do ano. No entanto, foram apenas seis os contratados como reposição até o momento. E destes, apenas três tem jogado com frequência: Félix Torres, Raniele e Hugo.
Diego Palacios, reserva de Hugo nesse começo de ano, se lesionou no primeiro jogo que fez. Gustavo Henrique ainda recupera a forma física ideal. E Rodrigo Garro, argentino que custou cerca de US$ 7 milhões em negociação difícil com o Talleres (ARG), precisou recorrer à FIFA para que seu processo de registro tivesse início. Sequer estreou ainda.
A eles, podem-se juntar em breve Pedro Raul, atacante que o Corinthians teria adquirido do Toluca (MEX) por outros US$ 5 milhões, e talvez Matheus França, que ainda é disputado com o Botafogo e pode custar até € 4 milhões. Somados, todos esses oito jogadores custariam ao Corinthians cerca de R$ 125 milhões. Mas não é o suficiente.
Se o Corinthians não quiser depender de sua base, e realmente optar por recorrer ao mercado para preencher seu elenco, precisa de mais peças. Um zagueiro, para o lugar de Lucas Veríssimo. Um lateral-direito para a reserva de Fagner. Pelo menos um meia de criação. Um ponta pela direita, um pela esquerda. Só aí já são mais cinco atletas no mínimo, que não virão de graça. Isso significa abandonar qualquer discurso de austeridade para essa temporada. Vale o risco?
Vai ter que decidir, Corinthians
Por mais que saibamos que esses valores são parcelados, não deixam de comprometer as finanças. Em um clube saqueado nos últimos anos por gestões desastrosas, e cuja credibilidade arranhada no mercado só atrapalha as negociações, quanto seria necessário investir ao final dessa janela? Que riscos correríamos? O elenco formado seria competitivo a um nível que esse investimento retornaria em forma de bilheteria, produtos, premiações? Difícil responder.
O que sabemos é que as duas soluções estão colocadas. Ambas tem seus desafios. Caberá ao Corinthians compreender onde está, onde acredita que pode chegar e agir de acordo. Estaremos aqui observando.
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