Romero é pauleira, é ídolo e merece todo o carinho

por | abr 10, 2024 | Crônica, Home, Opinião

Em noite de quebra de recordes, o paraguaio se reafirma como um grande jogador na história do Timão

No universo do futebol, nem sempre os grandes ídolos são os que têm os melhores dribles ou os passes mais precisos. Às vezes, são aqueles que personificam a raça, a determinação e o respeito pela camisa que carregam. Jogadores se tornam ídolos pela passagem que tem, por gols, por participação ativa e vão assim galgando espaço no coração do torcedor.

Ángel Romero talvez seja um exemplo da frase acima. Apesar de ser muito xingado em seu retorno em 2022 e ter feito um péssimo 1º semestre em 2023, o paraguaio terminou o ano em alta fazendo gols importantes e ajudando o Corinthians na luta contra o rebaixamento.

Além disso, em 2024 o paraguaio, que já era o estrangeiro com mais jogos pelo Corinthians, se tornou o maior artilheiro estrangeiro da história do clube com 55 gols e retomou o posto de maior artilheiro da Neo Química Arena com 32 tentos, na vitória por 4 a 0 contra o Nacional-PAR pela Copa Sul-Americana.

Romero merece mais respeito pela torcida e, na minha opinião, deve ser respeitado como ídolo do Corinthians.

Ángel Romero de costas aplaude a torcida do Corinthians
Dizem as línguas que Lionel Messi é chamado de “Ángel Romero argentino”. Él Diós de Fútbol (Lance!/Reprodução)

Raça dentro de campo

Ángel Romero sempre foi conhecido no Corinthians pela sua determinação incansável e sua entrega. Pode não ser Messi com a bola nos pés, nunca foi um dos melhores jogadores em termos técnicos, mas ainda sim, Romero conquistou seu lugar no coração da Fiel Torcida com sua entrega incansável em campo, fruto de seu amor ao manto alvinegro.

Romero se destaca como um modelo de dedicação. Sempre trabalhou, na sua, quieto, mesmo alvejado pelas críticas por aqueles que foram contrários a sua volta em 2022. Mesmo durante sua primeira passagem, foi se moldando bem devagar como artilheiro, sempre pronto para aproveitar as oportunidades e balançar as redes.

Ángel passou cinco anos no Parque São Jorge, de 2014 até 2019. Logo quando chegou, declarou o seguinte:

Sei tudo sobre o Corinthians. Tinha um sonho desde a infância que era jogar no Corinthians. Sempre com o meu irmão dizíamos que queríamos jogar no maior do Brasil, que é o Corinthians. E hoje estou cumprindo este sonho. Sabemos tudo sobre o Corinthians, sempre fui torcedor do Corinthians. Agora que defendo o Corinthians, defenderei essas cores até a morte.

Ángel Romero, em sua apresentação, 5 de junho de 2014

Desde cedo o paraguaio de franja Justin Bieber parecia entender aonde estava pisando. Era um sonho jogar no Timão, defender o alvinegro da capital paulista. Romero, que muitos zombavam por não saber dominar uma bola, participou da conquista do Brasileirão de 2015. Afinal, como não lembrar dos dois gols contra o São Paulo na festa do hexa?

Peça importante

Com a debandada de jogadores em 2016, Romero ganhou espaço no clube. Assumiu a titularidade em um ano bem conturbado. Apesar da troca de técnicos, encerrou a temporada com 15 gols marcados em 56 partidas disputadas somando todas as competições, sendo este o ano em que mais atuou pelo Corinthians.

O ano de 2017 foi o mais vitorioso: Paulista e Brasileiro. Ano marcado pela “Quarta Força”, por ter feito até então o melhor primeiro turno da história do Campeonato Brasileiro, o paraguaio ajudou o Timão a levantar taças. Nada mal para o “apoiador de lateral”, certo? Ainda teve tempo de provocar rivais. Onde você estava no lance abaixo?

Jogadores Guilherme Camacho, Fagner, Fabián Balbuena, Gabriel, Ángel Romero, Pablo e Rodriguinho posam para selfie após gol do Corinthians no Campeonato Brasileiro de 2017
Romero foi destaque do Corinthians em 2017. A “Quarta Força” de Fábio Carille e cia. venceu o Brasileirão daquele com direito a jogo emocionante contra o Palmeiras no segundo turno, digna de selfie (Marcos Ribolli/Globo Esporte)

Provocador como é, já mandou um domínio de foquinha contra o Palmeiras. Já se envolveu em polêmica ao chamar o Santos de “time pequeno”, também se viu alvo de preconceito por ter suas origens ofendidas. Já ganhou até música. Até porque, quem é Cristiano perto do Romero?

Mesmo com o título do Paulista de 2018 e o vice da Copa do Brasil daquele ano, o Corinthians foi mal e chegou a lutar para não cair. Já no ano seguinte, devido a um impasse contratual, Romero deixou o clube rumo ao seu clube de formação, o Cerro Porteño.

Após passagem pelo Cruz Azul, do México, retornou ao Corinthians em dezembro de 2022 onde está até hoje. Gosto do pensamento que Romero nasceu para jogar no Corinthians. Em muitas vezes em que não tivemos jogadores de uma técnica brilhante, os jogadores de raça se destacavam. “Raça, Timão!” é o canto, e Ángel mostra a sua.

Afinal, por que tanto ódio?

É, eu sei, tem gente que não gosta do Romero. Falta de técnica, gols perdidos, inúmeras jogadas erradas… não sei dizer exatamente, mas acho que esses são alguns dos motivos.

Falando brevemente como torcedor, já vi muitos dizerem que Romero é um dos piores jogadores a vestir a camisa do Corinthians. Eu fico chateado com essas pessoas mas também fico preocupado, uma vez que, talvez pela memória ou pela idade, não lembram de jogadores como Bill, Otacílio Neto, Zelão, Moradei e tantos outros jogadores ruins o Timão já teve.

Muito nobre que Romero tenha colocado o clube acima de interesses pessoais, uma vez que o futebol é um esporte onde a lealdade muitas vezes é substituída pelo dinheiro. Por isso é poético o paraguaio, que nunca deixou de amar o clube e de honrar a camisa do Corinthians, ter ultrapassado Paolo Guerrero e Róger Guedes.

Contudo, eu entendo que ainda haja resistência por parte de torcedores. O debate está aí para você se questionar e perguntar se Romero é ídolo ou não. Pra mim, enfim, não há dúvidas que sim.

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Autor

  • Lucas Silva

    Jornalista, comentarista e produtor de conteúdo, formado em jornalismo pela UNIP - Campinas. Passagens por Esportudo e Bolavip Brasil. Apaixonado pelo futebol americano desde 2008, criador do Zona Vermelha.

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